GLÓRIAS: BRASIL X URUGUAY - 1950

A memória do trauma de 1950 no testemunho do goleiro Barbosa
O GOL ETERNO


Elcio Loureiro Cornelsen
Faculdade de Letras da UFMG
Bolsista de Produtividade em
Pesquisa do CNPq – Nível II
Introdução: a enunciação de um passado traumático

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Nossa contribuição visa a uma análise discursiva de depoimentos do goleiro
Moacyr Barbosa (1921-2000)2 a respeito da derrota da Seleção Brasileira no jogo
decisivo da Copa do Mundo de 1950 contra o Uruguai. Momento singular na história
do futebol brasileiro, tido como “a nossa catástrofe, a nossa Hiroshima” (Nelson
Rodrigues),3 a “maior tragédia” (Geneton Moraes Neto),4 marcando “o sepultamento
dos sonhos esportivos do Brasil” (Teixeira Heizer),5 que transformou o Maracanã no
“maior velório da face da Terra” (Betty Milan)6 frente ao “silêncio mortal de duzentos
e vinte mil brasileiros” (Mario Filho),7 um “silêncio ensurdecedor” (José Miguel
Wisnik),8 “el más estrepitoso silencio de la historia del fútbol” (Eduardo Galeano),9
sem dúvida, a memória discursiva que se constrói sobre a derrota da Seleção
Brasileira em 1950 é perpassada pelo trauma.
1 O presente artigo serviu de base para a comunicação apresentada em 10 de julho de 2012, no
Seminário Temático “Futebol, Narrativas Orais e Memória”, coordenado pelo Prof. Dr. Bernardo
Borges Buarque de Hollanda (CPDOC-FGV) e pelo Prof. Dr. Marcos Alvito (UFF), durante o XI.
Encontro Nacional de História Oral, realizado de 10 a 13 de julho de 2012 na Universidade Federal do
Rio de Janeiro.
2 Moacyr Barbosa do Nascimento nasceu em Campinas, em 27 de março de 1921, e faleceu em Praia
Grande, no litoral paulista, em 07 de abril de 2000.
3 RODRIGUES. O drama das sete copas, p. 116.
4 MORAES NETO. Dossiê 50 – os onze jogadores revelam os segredos da maior tragédia do futebol brasileiro.
5 HEIZER. O jogo bruto das copas do mundo, p. 62,
6 MILAN. A Copa perdida, p. 34.
7 RODRIGUES FILHO. O negro no futebol brasileiro, p. 288.
8 WISNIK. A catástrofe, p. 261.
9 GALEANO. El Mundial del 50, p. 98.

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Como bem apontam Arthur Nestróvski e Márcio Seligmann-Silva, “a
catástrofe dificulta, ou impede a representação”, pois “a catástrofe é, por definição,
um evento que provoca um ‘trauma’, outra palavra grega, que quer dizer
‘ferimento’”.10 Por assim dizer, o goleiro da Seleção Brasileira naquela Copa é um
autêntico testemunho do evento traumático, um superstes (Giorgio Agamben),11 ou
seja, aquele que não é mera testemunha ocular do ocorrido – o testis –, mas também
aquele que atravessou uma verdadeira provação.12 Nesse sentido, baseados na teoria
do testemunho e em conceitos e métodos dos estudos da linguagem, nossa intenção é
avaliar em termos discursivos não só o quê, mas, sobretudo, como, décadas mais
tarde, o goleiro enunciava, através da memória, suas versões sobre aquele fatídico 16
de julho de 1950 e seus desdobramentos.
Se, por um lado, de acordo com Michael Pollak, a memória surge como “um
fenômeno individual, algo relativamente íntimo, próprio da pessoa”13 e, portanto,
está sujeita a flutuações, lacunas, supressões e silenciamentos, ela também é coletiva,
como já apontava Maurice Halbwachs nos anos 1930,14 ou mesmo como Pollak
afirma: “uma memória também que, ao definir o que é comum a um grupo e o que é
diferente dos outros, fundamenta e reforça os sentimentos de pertencimento e as
fronteiras sócio-culturais”.15 Segundo o historiador Jacques Le Goff, “[a] memória,
como propriedade de preservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a
um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar
impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas”.16 Ao
pensarmos nos depoimentos, entrevistas e relatos de Barbosa, não podemos perder
de vista o fato de que, para uma pessoa que relata sobre o passado, “contar a própria
10 NESTROVSKI; SELIGMANN-SILVA. Apresentação, p. 8.
11 AGAMBEN. O que resta de Auschwitz, p. 27.
12 SELIGMANN-SILVA. Literatura, testemunho e tragédia: pensando algumas diferenças, p. 84.
13 POLLAK. Memória e identidade social, p. 201.
14 HALBWACHS. A memória coletiva, p. 77.
15 POLLAK. Memória, esquecimento, silêncio, p. 3.
16 LE GOFF. Memória, p. 419.

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vida nada tem de natural”, “já é difícil fazê-la falar, quanto mais falar de si” (Michael
Pollak).17
Para constituir o corpus de análise do presente estudo, elegemos os seguintes
materiais, pensados enquanto fontes orais em forma de relatos e depoimentos
jornalísticos: os textos das entrevistas com o goleiro Moacyr Barbosa, publicados em
2000 na obra Dossiê 50: os onze jogadores revelam os segredos da maior tragédia do futebol
brasileiro, de Geneton Moraes Neto e, respectivamente, no livro Barbosa. Um gol faz
cinqüenta anos, de Roberto Muylaert; além dos textos indicados, transcrições para a
língua escrita de depoimentos e entrevistas, elegemos também os breves
depoimentos audiovisuais do goleiro que compõem o curta-metragem Barbosa (1988),
filme de ficção dirigido por Anna Luiza Azevedo e Jorge Furtado e baseado no conto
“O dia em que o Brasil perdeu a copa” (1975), de Paulo Perdigão, publicado em sua
obra Anatomia de uma derrota (1986); as entrevistas concedidas por Barbosa em 1994
(TV Cultura) e, respectivamente, em 2000 (ESPN Brasil) ao jornalista Helvídio
Mattos; por fim, demais depoimentos audiovisuais do goleiro, que faleceu em 2000,
integrados em reportagens especiais recentes sobre a Copa de 1950, pelos canais
GloboNews (Os colecionadores de copas – 1950: silêncio ensurdecedor, 2006, dir. Rosa
Magalhães), ESPN Brasil (Copa de 1950 – da euforia ao silêncio, dir. Marcos Carvalho) e,
respectivamente, BandSports (Copa de 1950 – Testemunhos; dir. Marcos Carvalho).
Sobretudo os materiais audiovisuais, verdadeiros arquivos de testemunhos orais,
enquanto parte de procedimentos para “enquadramento de memória” (Michael
Pollak),18 revelam-se como ricas fontes em que se podem apreender as impressões, os
silêncios, as aflições, os sentimentos e as distorções de um protagonista que
rememora os momentos dramáticos daquela tarde de domingo. Barbosa, tido como
um dos “bodes expiatórios” daquela derrota – juntamente com os jogadores Juvenal
e Bigode –, condenado pelo “frango eterno” (Nelson Rodrigues),19 por diversas vezes,
17 POLLAK. Memória e identidade social, p. 210.
18 POLLAK. Memória, esquecimento, silêncio, p. 11.
19 RODRIGUES. A eternidade de Barbosa, p. 69.

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revela em sua fala as marcas de um momento traumático – individual e coletivo –,
que o acompanharia pelo resto de sua vida.
Os depoimentos de Barbosa: entre a negação e a afirmação da “culpa”
A derrota da Seleção Canarinho para a Celeste Olímpica em 16 de julho de
1950 já é passado, mas um “passado que não quer passar”, perpetuado por
verdadeiros mitos de vitória heróica, no olhar dos uruguaios, 20 e, respectivamente, de
profunda derrota no olhar dos brasileiros. O evento, em sentido ontológico, se
realizou efetivamente. O que nos resta dele são umas poucas imagens
cinematográficas e fotográficas que retratam aquela fatídica partida, bem como
gravações de locuções de rádio, além de entrevistas com jogadores e membros da
comissão técnica das duas equipes concedidas ao longo de décadas. Aliás, Alcides
Ghiggia é o único protagonista vivo daquela partida, está com 85 anos de idade e
sofreu recentemente um grave acidente de automóvel nas imediações de Montevidéu
e se encontra hospitalizado.21
Sem dúvida, um de seus maiores protagonistas é o goleiro Moacyr Barbosa,
acusado de ter falhado nos dois tentos marcados pela equipe uruguaia. O grande
goleiro do Vasco da Gama e da Seleção Brasileira não só foi, injustamente, culpado
pela derrota, como viveu pelo resto de sua vida sob o estigma do vilão da história,
juntamente com Bigode e Juvenal. Aliás, o texto de transcrição do áudio da partida
na narração de Antonio Cordeiro pela Radio Nacional, publicado por Paulo Perdigão
no livro Anatomia de uma derrota, documenta com propriedade detalhes daquela
partida. Bigode (João Ferreira), por exemplo, foi um dos jogadores do escrete
20 Como afirma o escritor uruguaio Eduardo Galeano, “[a] memória coletiva vive consagrada às
liturgias do Maracanã: o feito heróico vai cumprir meio século, e o recordamos nos mínimos detalhes,
como se tivesse ocorrido na semana passada, e à sua ressurreição, encomendamos nossas almas”.
GALEANO. Depois do mundial – futebol em pedacinhos, p. 117.
21 Ex-atacante Gigghia sofre grave acidente no Uruguai. Disponível em:
http://www.lancenet.com.br/minuto/Ex-atacante-Gigghia-sofre-acidente-Uruguai_0_718128342.html;
Acesso em: 17 Jun. 2012.

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brasileiro mais exigidos durante os noventa minutos; o Uruguai centrou suas forças
em repetidas jogadas pelo mesmo setor, ou seja, com o ponta direita Ghiggia,
marcado por Bigode. Ao longo da partida, foram 21 confrontos entre os dois, sendo
que o lateral esquerdo brasileiro se saiu bem em 11 situações.22 Todavia, o que passou
para a história foram apenas suas eventuais falhas em dois lances capitais, o mesmo
ocorrendo com o goleiro Barbosa, sempre lembrado como a trágica figura que
sucumbira aos gols de Schiaffino e, sobretudo, de Ghiggia, “uma desgraça”, nas
palavras de Armando Nogueira, “uma maldição”, “a pá de cal na chamada soberba
nacional”,23 que, segundo Paulo Perdigão, “desencadeou um dos mais pesados
traumas coletivos de nossa História contemporânea”.24
Um aspecto relevante para nossa abordagem é o fato de que todos aqueles que
se dedicam ao estudo histórico ou jornalístico daquela partida são unânimes em
afirmar que há, pelo menos, mais de uma versão para os eventos ocorridos no dia 16
de julho de 1950, antes, durante e depois da partida: o ônibus da delegação brasileira
teria sofrido uma pane mecânica25 ou mesmo um pequeno acidente a caminho do
Maracanã;26 o capitão uruguaio Obdúlio Varela, aos 27 min. do primeiro tempo, teria
dado um tapa no rosto de Bigode,27 ou apenas pedido calma ao jogador brasileiro
após uma entrada mais forte em Julio Perez;28 o mesmo Obdúlio teria comprado
exemplares do jornal O mundo, que exibia na véspera a manchete “Estes são os
campeões do mundo”, a fim de motivar os companheiros a jogarem com garra para
mudarem aquele destino previamente traçado,29 e noutra versão, em que o
protagonismo de Obdúlio não é explorado, diz-se que foi o cônsul honorário do
22 Cf. PERDIGÃO. Anatomia de uma derrota, p. 130-207.
23 NOGUEIRA. 1950: 10% da população do Rio no Maracanã, p. 25.
24 PERDIGÃO. Introdução, p. 11.
25 Cf. MORAES NETO. Dossiê 50, p. 48.
26 Cf. PERDIGÃO. Anatomia de uma derrota, p. 109-110.
27 Cf. PERDIGÃO. Anatomia de uma derrota, p. 145.
28 Cf. MORAES NETO. Dossiê 50, p. 49. Cf. também MUYLAERT. Barbosa: um gol faz cinqüenta aos, p.
81.
29 Cf. PERDIGÃO. Anatomia de uma derrota, p. 98.

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Uruguai, Manuel Caballero, que teria mostrado a referida manchete aos jogadores,
com a seguinte observação: “Meus pêsames. Os senhores já estão vencidos!”.30
Portanto, as narrativas em torno do jogo Brasil x Uruguai sofreram variações
ao longo de décadas. Em relação aos depoimentos do goleiro Barbosa, constatamos
algumas flutuações em seus depoimentos. A título de exemplo, mencionamos dois
episódios recorrentes: o da senhora com o garoto e, respectivamente, o da conversa
acalorada no trem da Central. O primeiro deles encontra, pelo menos, duas versões,
sendo, nos materiais analisados, a primeira de 1988 e a segunda, proferida 12 anos
mais tarde, em 2000. Na primeira versão, Barbosa relata o seguinte:
Então foi isso que aconteceu: eu estava na loja, e essa senhora entrou
para comprar uma lâmpada, certo, e eu fui atendê-la, e ela chamou o
garotinho do carro, o carro estava parado na porta, chamou o garoto e
disse: foi esse homem aí que fez o Brasil chorar.31
Na segunda versão, de 2000, a cena se passa não mais na loja de material
elétrico, mas num bar:
Outra [mulher] chegou no bar onde a gente se reunia, e ela chegou com
um garotinho que não tinha nem dez anos, chegou e disse: – Ta vendo,
meu filho, esse homem que fez o Brasil todo chorar. O garoto ficou
olhando para a minha cara, assim. É, o que o garoto ia saber? Aí eu
perguntei para ela: – Dona, será que se eu fosse seu filho a senhora fazia
a mesma coisa com ele?32
Como bem aponta o escritor alemão Thomas Brussig, “lembranças não se
interessam pelo que ‘realmente’ foi. Elas iludem, enganam, adulam, ocultam”;
“Recordar é sempre transfigurar, que caminha lado a lado com o ato de esquecer”. 33
Portanto, a memória é lacunar, instável, sujeita a alterações e distorções tanto pela
ação do tempo quanto pela ação traumática. O que nos parece óbvio, mas que é bem
30 PERDIGÃO. Anatomia de uma derrota, p. 98.
31 FURTADO; AZEVEDO. Barbosa (1988).
32 CARVALHO. Copa de 1950 – da euforia ao silêncio (2010).
33 LAMBECK. Herr Brussig, was halten Sie von Nostalgie?, s/p.

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ilustrado neste exemplo, é que o passado não é recuperado pela memória para o
presente, mas sim é no presente que se tem a chave para se rememorar o passado. No
caso específico dos relatos e depoimentos do goleiro Barbosa, assevera Roberto
Muylaert que “a versão dos fatos que ele apresenta hoje [isto é, 2000] já não se sabe
até que ponto é real ou imaginária”.34 Transcorridas décadas, “os acontecimentos se
transformaram num novelo de idéias um tanto embaraçadas, contraditórias,
embaçadas, que há muito ele desistiu de deslindar”.35
Já o segundo episódio que sofre flutuações ao longo dos anos diz respeito a
uma suposta conversa que o goleiro Barbosa teria presenciado num vagão de trem da
Central, no qual ele seria o assunto. Alguns dias após a partida contra o Uruguai, os
jogadores teriam sido convidados a ir ao Palácio do Governo, numa das poucas
homenagens ao time. Na volta, Barbosa e Ademir teriam decidido tomar o trem.
Dentro do vagão, segundo o relato de Barbosa em 2000, os dois ouviram a seguinte
conversa, sem serem notados:
– Olha, eu vou te dizer uma coisa: se eu conseguir pegar aquele crioulo,
tu não sabe o que eu ia fazer com ele. Se eu encontrasse com ele agora,
eu ia acabar com a vida dele.
Aí eu abaixei o jornal assim e digo: – O senhor está me procurando?
Quando o cara olhou para a minha cara, olha, o cara era moreno, ficou
azul, ficou amarelo, mudou de cor uma porção de vezes. E aí ele pulou
pela janela. O trem parou na estação de Bento Ribeiro e ele ‘pum’.36
Noutra versão narrada a Roberto Muylaert também em 2000, o motivo da
viagem de trem é outro: Ademir e Barbosa haviam recebido uma proposta do
Comendador Vieira de Castro para irem descansar em Itacuruça, numa propriedade
dele. Do mesmo modo que na versão anterior, sem serem reconhecidos de imediato,
ambos teriam presenciado um diálogo entre dois homens sobre a derrota para o
Uruguai:
34 MUYLAERT. Barbosa: um gol faz cinqüenta anos, p. 113.
35 MUYLAERT. Barbosa: um gol faz cinqüenta anos, p. 113.
36 CARVALHO. Copa de 1950 – da euforia ao silêncio (2010).

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[...] ‘Sabe de uma coisa, cara, se eu encontro aquele crioulo pela frente
nem sei o que faço com ele’.
Foi o estopim de minha revolta. De um tranco, tiro o jornal do rosto e
parto para o confronto, dizendo de bate pronto, bem alto, para todo o
trem ouvir: ‘Por acaso o senhor está me procurando?’ O cara olha
incrédulo para mim. Pensa que está sonhando. Nunca um desejo dele
tinha sido atendido tão rapidamente. [...] A sorte desse torcedor é que o
trem parou logo adiante, de certo nem era a sua estação. Ele se
escafedeu tão rápido que eu acho que saiu pela janela, mas não tenho
certeza.37
Portanto, nesta segunda versão a certeza vira dúvida. Podemos deduzir que as
lacunas de memória, neste caso, são revestidas por estratégias da ordem do ficcional.
Outro aspecto de destaque nos relatos do goleiro Barbosa diz respeito à
incorporação do discurso do outro, à medida que o goleiro, em depoimento
concedido a Geneton Moraes Neto em 2000, fez a seguinte afirmação: “Ghiggia diz
que só ele, o Papa e Frank Sinatra calaram o Maracanã. Eu também fiz o Brasil calar,
fiz o Brasil chorar: não é só ele que tem esse privilégio não”.38 Desse modo, Barbosa
incorporou em seu discurso o argumento de Ghiggia, publicado no jornal O Globo em
10 de janeiro de 1981: “Apenas três pessoas, com um único gesto, calaram o
Maracanã com 200 mil pessoas: Frank Sinatra, o Papa João Paulo II e eu. E acredito
que poucas outras o farão neste século”.39 Embora sempre tenha rejeitado a crítica de
que teria sido um dos culpados pela derrota da seleção naquela partida, ao
argumentar desse modo, até mesmo contraditório, é como se Barbosa reconhecesse a
culpa. Em um trecho de entrevista datado de 1988, integrada ao curta-metragem
Barbosa, o goleiro foi categórico ao afirmar: “Fui, fui, fui acusado, fui acusado de
culpado”.40 E talvez o maior índice traumático em seus depoimentos seja a frase na
qual o goleiro estabelece, por analogia, uma relação entre a sua condição de
37 MUYLAERT. Barbosa: um gol faz cinqüenta anos, p. 109.
38 MORAES NETO. Dossiê 50, p. 53.
39 PERDIGÃO. Anatomia de uma derrota, p. 182.
40 FURTADO; AZEVEDO. Barbosa (1988).

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“condenado” com o limite de pena máxima no Brasil, conforme relatado ao repórter
Helvídio Mattos em 1994:
Ainda há pouco tempo, nós estávamos lá num bar aonde eu frequento,
e um cara veio falando: porque em 1950... Acabou a conversa aí. Porque
eu falei para ele... eu me reportei a ele o seguinte: olha, as leis de
condenação aqui no país quanto é? Quanto é? A maior condenação
quanto é? É trinta anos, né? É trinta anos que o sujeito tem que cumprir.
Então eu disse, nós estamos com quarenta e três anos, e eu acho que
paguei dez anos ou quatorze anos a mais. Então eu não tenho razão
para discutir consigo e nem para dar uma explicação. Porque eu acho...
Por que eu vou dar uma explicação para ele? Eu não sou um criminoso
vulgar, não é? Então eu não vou dar explicação a ele. Eu acho que ele
não merece explicação, por querer me cobrar de uma coisa após
quarenta e quatro anos, eu acho que ele não tem direito a isso. Então eu
não dou explicações. Então eu prefiro me calar do que discutir, porque
eu não vou explicar nada a ele, eu não vou retornar aquilo que já se
passou. Então não tem problema nenhum. Então eu prefiro, para não
ser deselegante, eu prefiro não comentar.41
Sem dúvida, o modo como se costuma reiterar, na imprensa e em publicações
sobre futebol, a suposta “culpa” de Barbosa passa pela elaboração discursiva de um
verdadeiro drama. Este é o caso, por exemplo, do jornalista Paulo Guilherme, que
assim se referiu ao goleiro e ao fatídico gol de Ghiggia:
Foi no dia 21 de julho (sic) daquele ano que a história dos goleiros
encontrou seu divisor de águas, quando, como um mártir agonizando
na cruz, o goleiro Moacyr Barbosa, ingressou no seu calvário, do qual
nunca mais conseguiria sair. O Brasil perdeu a Copa do Mundo em
pleno estádio do Maracanã em uma inesperada derrota para o Uruguai
por 2 a 1. O segundo gol dos uruguaios, marcado pelo atacante Alcides
Ghiggia, carimbou o passaporte de Barbosa para o inferno.42
Devemos lembrar que a própria função do goleiro abre margem para esse tipo
de interpretação. Pois o goleiro, segundo José Miguel Wisnik, “é um ser de exceção e,
41 MATTOS. A Copa de 1950 (1994). Cf. também CARVALHO. Copa de 1950 – Testemunhos (2010).
42 GUILHERME. Testemunhas de defesa, p. 101.

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nos momentos cruciais, um solitário”,43 que, “[s]e for feliz, o goleiro transforma-se de
tabu em totem”; “Se não for, é o favorito natural para o bode expiatório”.44 É
justamente o que ocorreu com Barbosa após o “gol fatal”.
Além desse sentido de “culpabilidade”, entre os próprios jogadores daquela
partida gerou-se um silêncio em torno dos lances capitais. Um desses silenciamentos,
em meio ao trauma e ao tabu, foi gerado entre Ghiggia e Barbosa quanto ao gol fatal,
conforme depoimento concedido a Geneton Moraes Neto em 2000: “Depois da Copa,
cheguei a me encontrar com Ghiggia, mas nunca tocamos no assunto: nem ele me
perguntou nem eu perguntei a ele. Nunca. Jamais tocamos nesse assunto. Nunca tive
curiosidade de perguntar a ele”.45
Outro aspecto relevante detectado nos depoimentos de Barbosa é a noção
metafórica de catástrofe que, de modo recorrente, perpassa seu discurso. Podemos
constatar isso nos breves trechos de entrevista que compõem o curta-metragem de
ficção Barbosa, de 1988: “Agora se tivesse uma cratera ali e eu pudesse desaparecer,
eu desapareceria”.46 / “Aí o estádio veio abaixo, o estádio desmoronou em cima de
mim, e o público silenciou”.47
Acresce, ainda, que a presentificação do momento trágico, no caso de Barbosa,
não se fez apenas na ordem das reminiscências, como também no próprio estádio do
Maracanã, materializando, assim, aquilo o que o historiador Pierre Nora conceituou
de “lugar de memória”, ou seja, “onde a memória se refugia e se cristaliza”.48 Nas
palavras do goleiro, que se tornou funcionário do Maracanã por quase três décadas, a
recordação daquela partida era inevitável, feito uma penitência: “[...] foi Deus quem
quis que eu ficasse ali, purgando meus pecados, [...] por 29 anos, boa parte de minha
43 WISNIK. O goleiro, p. 137.
44 WISNIK. O goleiro, p. 138.
45 MORAES NETO. Dossiê 50, p. 49.
46 FURTADO; AZEVEDO. Barbosa (1988).
47 FURTADO; AZEVEDO. Barbosa (1988).
48 NORA. Entre memória e história: a problemática dos lugares, p. 7.

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vida útil, podendo olhar todo santo dia para o chamado ‘gol do Ghiggia’, o gol da
tragédia”.49 Mais tarde, Luiz Carlos Barreto também atentou para esse fato:
O Barbosa depois, anos depois, ele virou funcionário aqui no Maracanã.
Ele era o recepcionista de personalidades ali na tribuna oficial do
Maracanã. Um homem triste, um homem marcado por aquele episódio,
uma coisa... quer dizer, ninguém pensou nisso, como ficou a vida
dessas pessoas.50
Por fim, nos relatos de Barbosa, o que é natural em depoimentos sobre a
vivência de eventos traumáticos, há a menção à presença ou ausência de tal evento
em pensamentos e sonhos. Ele surge, por exemplo, em forma do gol fatal: “Eu já
pensei naquela bola um milhão de vezes”.51 E a derrota, como não podia deixar de
ser, tirou-lhe o sono: “Não consegui dormir, fiquei a noite toda com aquilo rodando
na minha cabeça”.52 E isso culmina com a tentativa – fadada ao fracasso – de não
pensar mais no ocorrido:
Não, não. Antes, talvez até uns trinta anos atrás eu ainda, quando o
cara vinha conversar comigo e começar a querer puxar esse assunto,
eu eliminava, eliminava mesmo porque parecia que aquilo me feria,
que aquilo me feria mesmo. Mas depois de um tempo eu comecei a
pensar bem e disse: escuta, por que, por que eu? Eu to pensando
nisso, às vezes eu boto a cabeça no travesseiro, to pensando nisso.
Será que os outros também estão pensando como eu? Então, estão
malucos. Tão malucos. Então, por isso eu não penso mais.53
Cabe lembrar que, segundo Susan Rubin Suleiman, no ensaio “Além do
princípio de prazer”, Freud fala de uma compulsão à repetição, que manifesta um
desejo de dominação; ao repetir o trauma original em seus pensamentos ou sonhos, o
49 MUYLAERT. Barbosa: um gol faz cinqüenta anos, p. 74.
50 CAPOVILLA. No país do futebol – A tragédia de 1950 e outras histórias (2010).
51 FURTADO; AZEVEDO. Barbosa (1988).
52 FURTADO; AZEVEDO. Barbosa (1988).
53 CARVALHO. Copa de 1950 – da euforia ao silêncio (2010).

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sujeito procura superá-lo, afirmar ativamente seu controle sobre ele.54 De certo modo,
todos esses depoimentos memorialistas do goleiro Barbosa, brevemente
apresentados no âmbito deste estudo, eram formas de se confrontar com o trauma no
sentido de superá-lo. Pois a memória pode auxiliar na superação dos conflitos, das
feridas e das dores causadas por dado evento traumático.
Barbosa e o trauma da derrota de 1950
– Você nem imagina o que descobri! Veja isso!
A copa de 1950 foi fraudada. O Barbosa e o juiz
foram comprados pela ISM. O “frango”, no final
da partida, estava no script.
– Não diga!? Eu bem que desconfiava. Aquele
era um gol impossível de não ser defendido.
Merda! Um país inteiro decepcionado com a
perda daquela copa... Pode?!
(trecho do romance O goleador, de Hosmany Ramos; p. 102)
A título de epígrafe para nossas considerações finais, elegemos esse trecho do
romance O goleador. Morte e corrupção no futebol (2009), de Hosmany Ramos, num
breve diálogo entre as personagens do repórter Ray Becker e do jogador Ronie Lee
May sobre a corrupção no futebol brasileiro. A despeito da liberdade ficcional, ou
mesmo do pacto de leitura, é inegável que, mais uma vez, sessenta anos depois, o
goleiro Barbosa surge como um dos bodes expiatórios daquela derrota. Hoje, Tereza
Borba, adotada como filha pelo goleiro nos últimos anos de vida, procura reabilitar a
imagem de Barbosa, falecido a 07 de abril de 2000, destacando sua brilhante carreira
no Vasco da Gama, em especial como arqueiro do “Expresso da Vitória”, campeão do
Sul-Americano de 1948. A intenção de Tereza é transformar o túmulo do goleiro,
num cemitério de Praia Grande, no litoral paulista, num ponto do roteiro turístico
local.55 Ao contrário da ficcionalização incriminatória do referido romance, a
54 SULEIMAN. Revision: historical trauma and literary testimony, p. 139.
55 FREITAS. Filha luta para perpetuar Barbosa e fazer de túmulo atração turística em Praia Grande
(2012).

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reabilitação da imagem de Barbosa permitiria uma releitura não só de sua carreira,
como também de sua pessoa, afastando-o daquela “sombra de injustiça” (Helvídio
Mattos) que o acompanhou por décadas, até a sua morte no ano em que o Maracanazo
comemorou seu cinquentenário.
Sem dúvida alguma, como o próprio Barbosa afirmou no depoimento a
Geneton Moraes Neto em 2000, “[m]uita gente não entrou para a história. Eu jamais
sairei da história do futebol brasileiro por causa daquele jogo, em 16 de julho de
1950”.56 E isso se deve ao próprio caráter trágico que aquela partida assumiu. Numa
reportagem recente sobre a Copa de 1950, Luiz Carlos Barreto, ele próprio
testemunha ocular da tragédia do Maracanã como jovem fotógrafo, afirmou que
“essa tragédia não vai se apagar nunca da minha memória e da memória do coletivo
brasileiro, vai se transmitir oralmente”.57 Argumentando na mesma direção, o
jornalista Helvídio Mattos afirma essa permanência do trauma de 1950: “[a]té hoje,
aquela derrota continua doendo na alma brasileira. É uma ferida do tamanho do
Maracanã, e talvez nunca cicatrize”.58
Sendo assim, os aspectos aqui avaliados – as flutuações, os silenciamentos, a
incorporação do discurso do outro, as noções de catástrofe, de trauma, detectados
nos depoimentos e relatos do goleiro Barbosa, são elementos estruturantes da
construção discursiva dos relatos sobre aquela partida e, portanto, colaboram para
sua cristalização enquanto maior “tragédia” do esporte nacional.
Não obstante esse caráter trágico que a Copa de 1950 assumiu para os
brasileiros ao longo de décadas, pensá-la à luz de discursos memorialistas possibilitanos
vislumbrá-la de um modo diferenciado, talvez até no sentido desejado pelo
próprio Barbosa em depoimento a Geneton Moraes Neto: “1950 foi o marco inicial de
outras conquistas”.59
56 MORAES NETO. Dossiê 50, p. 53.
57 CAPOVILLA. No país do futebol – A tragédia de 1950 e outras histórias (2010).
58 CARVALHO. Copa de 1950 – da euforia ao silêncio (2010).
59 MORAES NETO. Dossiê 50, p. 46.

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Filmografia
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Carlos Barreto, Brasil, colorido; preto e branco, 16 min. [série para o Canal Brasil]
CARVALHO, Marcos. Copa de 1950 – Testemunhos (2010). Brasil, colorido; preto e branco, 08
min. [reportagem para o canal BandSports]
CARVALHO, Marcos. Copa de 1950 – da euforia ao silêncio (2010). por Helvídio Mattos, Brasil,
colorido; preto e branco, 93 min. (documentário para o canal ESPN Brasil)
FURTADO, Jorge; AZEVEDO, Ana Luiza. Barbosa (1988). Brasil, curta-metragem, colorido;
preto e branco, 13 min.
MAGALHÃES, Rosa. Os colecionadores de copas – 1950: silêncio ensurdecedor (2006), Brasil,
colorido; preto e branco, 18 min. (reportagem para a GloboNews)
MATTOS, Helvídio. A Copa de 1950 (1994), Brasil, colorido; preto e branco, 40 min.
(reportagem para a TV Cultura de São Paulo; 1994)




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